Animais e fogos de artifício
Felicidade, amor, alegria... são muitos os sentimentos vivenciados nas Festas de fim de ano. Porém para alguns é tempo de medo e até de pânico, de um desespero que pode causar até a morte devido a uma combinação explosiva: fogos de artifício e animais.
Temos que ter a consciência de que apesar de muito populares e bonitos, os fogos provocam muito barulho para nós, seres humanos, e ensurdecedores para muitos animais domésticos e silvestres. O uso dos fogos afeta muito mais a vida selvagem do que nós podemos imaginar, e algumas espécies podem morrer ou ficar surdas para sempre devido ao barulho deles.
Uma coruja de igreja conhecida popularmente como Suindara possui uma capacidade auditiva 10 vezes maior do que a nossa. As penas da sua face formam um “disco facial”, que se assemelha a uma antena parabólica, capturando e direcionando os sons para os seus ouvidos, para que assim ela possa localizar sua presa na escuridão. Por sua audição tão apurada, o efeito do barulho ensurdecedor dos fogos de artifício causam danos graves nelas.
1- Pena de contorno. Essas penas preenchem a cabeça e a maior parte do corpo. Não possui especialização; 2 - pena auricular: preenche o disco facial, possui ramificações reduzidas e é permeável ao som; 3 - penas refletoras: presentes em todo o contorno do disco facial, essas penas direcionam os sons para os ouvidos. (Fonte: von Campenhausen & Wagner 2006).
O cartunista Indiano Rohan Chakravarty fez uma história em quadrinhos alertando sobre o perigo que o uso dos fogos em celebrações representam para as corujas de igreja.
Na Índia há uma importante celebração nacional chamada de Diwali, conhecida também como o Festival das Luzes. É uma linda festa religiosa que simboliza a destruição das forças do mal. Porém, para as corujas de igreja, este festival significa a morte, seja por causa do barulho dos fogos, seja por algumas pessoas que as capturam para sacrifícios religiosos. Rohan Chakravarty com muita sensibilidade aliada ao humor, mostra como é necessário preservar as corujas, e sua mensagem serve tanto para a Índia quanto para o Brasil:
Cara senhora, foi uma honra estar ao
seu serviço por todos estes anos.
Mas é com muito pesar que eu estou te
escrevendo hoje, na véspera do Diwali.
Como você bem sabe, minha audição
acurada me ajuda a caçar ratos na escuridão, uma habilidade que tem me
permitido oferecer um trabalho de controle de pragas gratuito à humanidade por
milhares de anos.
Mas hoje a noite os sons de milhares
de fogos de artifícios e rojões irão potencialmente me ensurdecer, tirando
permanentemente minhas habilidades de caça;
O ar ficará irrespirável devida a toda
a poluição;
E para piorar a situação, milhares de
nós serão capturadas ilegalmente para serem oferecidas em sacrifícios
religiosos.
Senhora, as corujas deste pais merecem
muito mais respeito
E portanto, a não ser que você na sua
condição de Honorável Deusa da Riqueza tenha garantido que os fogos de
artifício e capturas de corujas tenham sua prática banida em toda a Índia
Eu, sua 'Vahana', anuncio minha
demissão do seu escritório.
Te desejo um Feliz Diwali.
Da sua,
Coruja de Igreja.
Agora é conseguir chegar viva nos correios.

* Vahana (Sânscrito वाहन, Vāhana, literalmente "o que carrega, o que puxa”) denota o ser, tipicamente um animal ou uma entidade mítica, o qual uma divindade Hindu usa como seu veículo. Neste caso, o vahana é muitas vezes chamado de "montaria" da Deidade.
Foto: Deusa Lakshmi com sua Vahana
As corujas desorientadas pelos fogos podem se chocar em janelas de
vidro, ser atingidas por rojões, abandonarem seus ninhos e depois não acharem
eles novamente causando a morte dos filhotes, podem até ser atropeladas ou
atingidas por carros ao voarem perdidas na escuridão. Não conseguirão caçar, e
isso pode até causar a sua morte por inanição caso estejam com um peso muito
baixo.

E não se esqueçam dos animais domésticos, cães e gatos também sofrem
muito com os fogos. Animais como os coelhos que já são assustados por natureza também precisam ficar em ambiente seguro.
Todo
o cuidado é pouco.
Abraços,
Kátia Boroni
Comentários
Postar um comentário